domingo, 11 de março de 2012

Citações do romance "Mulheres", de Charles Bukowski

Após a leitura do romance, deixo as citações que mais me chamaram a atenção e que me fizeram refletir sobre algo. O romance possui vocabulário pesado, vulgar (diferencial do narrador). Há muitas descrições de cenas sexuais e bebedeiras. A leitura corre fácil. Em alguns momentos, o autor trás algumas reflexões interessantes sobre a vida e a morte. O final me desagradou. Gostei do estilo da tradução. Por fim, vale a leitura como experiência.

"Foder é a melhor cura pra ressaca"

‎"O tempo era imóvel, e a existência uma coisa latejante e intolerável"

‎" - Não quero me aproveitar de você, Dee Dee - disse eu. - Nem sempre sou bom com as mulheres.
- Já disse que te amo.
- Não faça isso. Não me ame.
- Tá legal - disse ela - não vou amar você. Vou quase amar você. Tá bom assim?
- Melhor assim.
Acabamos nosso vinho e fomos pra cama."

‎"Decidi que eu ia viver até os oitenta. Imagine só ter oitenta anos e trepar com uma garota de dezoito. Se tem algum jeito de roubar no jogo da morte, o jeito é esse."

‎"Me alegrava não estar apaixonado e não estar de bem com o mundo. Gostava de me sentir estranho a tudo. As pessoas apaixonadas, em geral, se tornam impacientes, perigosas. Perdem o senso de perspectiva. Perdem o senso de humor. Ficam nervosas, tornam-se chatas, psicóticas. Podem virar assassinas."

‎"Às vezes você acha bondade no meio do inferno"

‎"De modo que as nossas brigas corriam por conta do meu desejo de não ver ninguém versus o desejo dela de ver o maior número de pessoas possível"

"Eu conhecia uma porção de mulheres. Pra que sempre mais mulheres? O que eu estava tentando fazer? Era excitante um caso novo, mas também dava um trabalhão. O primeiro beijo e a primeira trepada tinham uma certa dramaticidade. As pessoas são interessantes no início. Aos poucos, porém, todos os defeitos e loucuradas botam as manguinhas de fora, é inevitável. Começo a significar cada vez menos pras pessoas, e elas pra mim." 

‎"As mulheres me conheciam por antecipação por causa dos meus livros. Eu me expunha neles. Por outro lado, eu nada sabia delas. O risco era todo meu."

‎"Considero suspeita qualquer pessoa que resolva ler sua novela pros outros. É o próprio beijo da morte."

"O melhor é esquecer de tudo quando uma mulher se volta contra você. Elas podem te amar um tempo; mas um dia dá um click, e, então veem você morrendo atropelado na sarjeta e ainda cospem em cima." 

"Esse é o problema com a bebida, pensava, enquanto enchia o copo. Se acontece uma coisa ruim, você bebe para esquecer; se acontece uma coisa boa, você bebe para comemorar; se não acontece nada, você bebe para que aconteça alguma coisa." 

"Aquele único drinque deixou Cecília zonza e tagarela, e ela nos explicou que os animais têm alma também. Ninguém contestou suas opiniões. A gente sabia que era possível. O que a gente não tinha certeza é se nós tínhamos uma."

"As pessoas vão se agarrando às cegas a tudo que existe: comunismo, comida natural, zen, surf, balé, hipnotismo, encontros grupais, orgias, ciclismo, ervas, catolicismo, halterofilismo, viagens, retiros, vegetarianismo, Índia, pintura, literatura, escultura, música, carros, mochila, ioga, cópula, jogo, bebida, andar por aí, iogurte congelado, Beethoven, Bach, Buda, Cristo, heroína, suco de cenoura, suicídio, roupas feitas à mão, voos a jato, Nova York, e aí tudo se evapora, se rompe em pedaços. As pessoas têm de achar o que fazer enquanto esperam a morte." 


BUKOWSKI, Charles. Mulheres. Tradução de Reinaldo Moraes. Porto Alegre, RS: L&PM, 2011.

26 comentários:

Unknown disse...

É... no meio da loucura dele, tem um certo fundamento, alguma verdade. Mas é um linguajar chulo, vulgar. Eu não compraria prá ler. Que bom que você me fez esse favor e ainda passou a resenha. Quando eu digo que você é 10, não estou exagerando nadinha! Bom domingo!

Anônimo disse...

Limitar análise de Bukowski a linguajar chulo e vulgar...Sinceramente é triste! E sem ter lido, pelo o amor de Deus

Unknown disse...

Marco, eu tenho por princípio não responder a anônimo! E não gosto do linguajar de Bukowski. Não li a edição impressa, mas li artigos na internet de quem leu e tem conteúdo para comentar e o incluo entre esses. Tais pessoas também não gostaram. Acho chulo e vulgar sim! E vou continuar achando, pois vivemos num país democrático e cada um tem o direito de pensar da forma como quiser!

Anônimo disse...

Concordo com o anônimo ali. Não comprar um livro por achar a forma de escrita chula é um direito seu, mas é também uma idiotice. Pior ainda é rotular a obra de Bukowski como "loucura", e logo em seguida admitir não tê-la lido. Dá para ver, pela sua cara exageradamente maquiada e suas roupas estranhas que você é uma conservadora hipócrita. Pois é, democracia no brasil é o direito de cada um ser babaca da forma que bem entender, aproveite.

JoZé disse...

Chulo e vulgar? Tratando-se de um romance escrito na primeira pessoa, é a única linguagem coerente com o personagem. Qualquer polimento retiraria autenticidade ao discurso. Analisar o livro por esta perspectiva é extremamente redutor.

Buk disse...

"Poucos souberam, como Charles Bukowski, arrancar versos de quartos sórdidos de hotel, becos imundos, mulheres de todas as formas, bocas vermelhas demais, madrugadas longas, solitárias. É o bepop dos marginalizados, dos perdedores, pensadores de sarjeta, filósofos encharcados de uísque vagabundo." O amor é um cão dos Diabos.
Talvez Shakespeare ou Paulo Coelho tenham o linguajar ideal para seu gosto. Sr. Chinaski seria realidade demais.

Anônimo disse...

esse livro é sensacional e quem não leu e reclama da linguagem chula está perdendo um grande livro que trata a vida como ela é. quem não gosta, sempre pode ler harry potter.

Anônimo disse...

Harry potter eu não li e não gostei.

Marise disse...

Tem tbém Paulo Coelho, o enganador mundial de idiotas, e sua linguagem (nem sei descrever a linguagem do mago de araque)... Não li, não gostei e me orgulho de dizer: EU NUNCA LI PAULO COELHO!

Viva*Melry disse...

Quem ñ tem uma linguagem chula, as vezes mascarada, mas mesmo assim chula. Chula pra mim é todo pensamento reprimido.Gosto de escrever e muitas das vezes tenho que me conter nos escritos para não chocar quem os ler, fazendo isso estou prostituindo meus escritos p/agradar quem nem merece ou reconhecer as palavras agradáveis e sociáveis.O que mais gosto em Charles Bukowski é sua essência; mesmo que seja absurda,chula ou neurótica. Porque não é essa visão que tenho.

Armando Guerra disse...

Por enquanto li três livros dele. Misto Quente, Holywood e Notas De Um Velho Safado.Muito interes- santes, principalmente porque dão uma boa idéia de como era a vida naqueles tempos.

andrei disse...

o Linguajar chulo e vulgar mais foda de todos!

Alfredo Rangel disse...

Dona Angela, nunca é tarde para aprender. A Senhora tomou de goleada
aqui nos comentários. Uma sugestão, leia Bukowski de madrugada, no banheiro, com a porta trancada. Garanto que vai valer a pena...

Unknown disse...

Hm, eu diria que a linguagem "vulgar" - que foi provavelmente utiliza no sentido pejorativo - é usada propositalmente, veja, ele conta histórias que tratam da ruína do sonho americano; são histórias dos intitulados vagabundos, os vulgares e marginalizados pelo restante da sociedade. São histórias e romances que em sua superficialidade denunciam a superficialidade humana.
Acho que cada tem, de fato, um estilo preferido de escrita, mas criticar o Bukowski pelo linguajar é criticar o que há melhor em seu estilo, o jeito como ele conta. seria como criticar Guimarães Rosa pelo jeito que ele escreve, entende? Por que é parte essencial da obra o modo vulgar e chulo como ele escreve, não há formalidade nos diálogos das pessoas comuns e esse é um dos motivos para que as histórias sejam contadas dessa forma.

Elysa disse...

Ele é autêntico! ! Só isso.

Anônimo disse...

Chulo melhor definição que tem para o Charles

QuacBiblio disse...

To adorando o livro! Estou lendo para o Clube de leitura do qual faço parte! Ele é autêntico, visceral, sem maquiagens! Salve Bukowski!

Unknown disse...

Já li vários livros eróticos. Gosto de Bukowski porque realmente é uma linguagem popular, é o que acontece. É, sem dúvida, um livro para quem gosta de sexo. Quem tem um casamento ruim ou nunca teve experiências intensas na vida, gosta de romances do tipo "50 Tons de clichês + 50 tons de contos de fadas". Gosto também do livro "A casa dos Budas Ditosos", apesar de não acreditar que é um depoimento de uma senhora safadinha. Sou escritora, quem quiser conferir meu romance de suspense erótico pode comprar na livraria cultura, da Travessa, no site da Editora Multifoco ou na página do facebook: Plátano e Bordo (neste último sítio, sem frete). Acredito que o romance erótico deve ter também um bom conteúdo, e isso o meu livro tem.

Estarei ministrando uma oficina sobre o assunto para quem é autor: http://www.metamorfosecursos.com.br/curso.php?id=41

Além disso, estarei na Feira do Livro de Porto Alegre - Sessão de Autógrafos dia 08/11 às 20h.

Irineu Baroni disse...

Não li já gostei. "A realidade dói! A fantasia diverte!" (Poeta Irineu Baroni).

Unknown disse...
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Unknown disse...

Como é lindo ver todos esses belos comentários, demonstrações de amor por esse velho. *---*

Elysa disse...

Também não compraria, mas gosto dos livros dele,Bukowski, já li alguns, inigmatico. ...

Elysa disse...

Para entender Bukowski, tem de ter sentimento

Elysa disse...

A realidade dói... e Bukowski mostra o que muitos escondem de si mesmo

Anônimo disse...

Sim, e exatamente por ser uma país democrático, você tem todo o direito de ser ignorante como é! Como pode julgar sem conhecer? Isso é ignorância.

Igor da Silva Livramento disse...

Falem, mas de que adianta ter profundidade se não consegue dominar a linguagem? Literatura é mais que filosofia, é trabalhar a linguagem. Se ele não a dominava - e claramente não o fazia - é só um monte de autobiografias. Isso todo mundo sabe fazer. Pode ter sido um escritor bom, mas não foi excelente como nosso grande Machado, ou Victor Giudice, ou Milan Kundera, Fernando Pessoa, entre outros.

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Marco Hruschka é natural de Ivaiporã-PR, nascido em 26 de agosto de 1986. Morou toda a sua vida no norte do Paraná: passou a infância em Londrina e desde os 13 anos mora em Maringá. Sempre se interessou em escrever redações na época de colégio, mas descobriu que poderia ser escritor apenas com 21 anos. Influenciado por professores na faculdade – cursou Letras na Universidade Estadual de Maringá – começou escrevendo sonetos decassílabos heroicos, depois versos livres, contos, pensamentos e atualmente dedica-se a um novo projeto: contos eróticos. Seu primeiro poema publicado em livro (Antologia de poetas brasileiros contemporâneos – vol. 49) foi em 2008 e se chama “Carma”. De lá para cá já, entre poemas e contos, já publicou mais de 50, não apenas pela CBJE, mas também em outras antologias. Em 2010 publicou seu primeiro livro solo: “Tentação” (poemas – Editora Scortecci). Em 2014, publicou “No que você está pensando?” (Multifoco Editora), livro de pensamentos e reflexões escrito primordialmente no facebook. É professor de língua francesa e pesquisador literário.

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