quarta-feira, 23 de maio de 2012
O amor
Olá seguidores do Letra Lírica. Nesta postagem, inauguro algo novo no blog. Vou postar a primeira parte do meu mais novo conto, "Amor". Não sei exatamente se ele terá duas, três ou quatro partes, sei apenas que tenho a ideia completa, mas ainda não o escrevi por inteiro. Segue, então, a primeira parte. Quanto ao resto, afirmo-lhes que em breve postarei a continuação...
O
amor
O amor supera todos os tipos de
barreiras. Dir-se-ia mais: supera todos
os medos, crenças e pecados. O amor acontece onde menos se espera, sob qualquer
circunstância, sob qualquer hipótese. Quando se ama de fato, o amor vira objeto
de consumação. Quer-se amar de qualquer jeito, não se importando com possíveis
infrações, leis ou mandamentos.
Ricardo era um jovem
universitário do terceiro ano do curso de Letras, tinha vinte e quatro anos, era
um tanto quanto baixo, geralmente usava barba e gel no cabelo, tinha um nariz
um pouco saliente e trabalhava como estagiário na biblioteca central da cidade
onde morava. Seu expediente é o que se entende por meio-período. Entrava às
oito da manhã e saía à uma hora da tarde, pois, geralmente, não trabalhava aos
fins de semana. Quando era dia de encontro do clube de leitura na biblioteca,
sempre aos sábados de manhã uma vez a cada dois meses, ele trabalhava até o
meio-dia seis dias da semana, deixando de lado, claro está, o domingo. Como
estudava à noite, tinha o período da tarde para fazer os trabalhos da faculdade
e descansar um pouco antes de pegar o ônibus das dezoito de vinte rumo ao
campus. Morava a doze quilômetros da universidade. Em se tratando de uma cidade
como a que nos encontramos, pode-se considerar uma distância longa. Na volta,
aproveitava o trajeto para ler seus livros prediletos. Nosso personagem tinha
um sonho antigo de ser cantor, gosta do bom e velho rock, admira pintura e
poesia. De vez em quando, se arrisca a escrever alguma coisa. Como amador, já
pintou duas ou três telas. Hoje em dia canta, como hobby, nos churrascos entre
amigos.
Certo dia, uma nova funcionária
foi contratada pela biblioteca. Ela se chamava Roberta, tinha vinte e um anos e
era loira de cabelos encaracolados, encorpada, não muito alta e resolveu
encarar esse trabalho porque adorava livros e tinha, entre outras manias, a de
organização. Também estudava Letras, mas em uma outra faculdade. Trabalharia
período integral, pois, como já mencionado, havia sido contratada, ou seja,
efetivada, diferentemente de Ricardo. Sua mãe era muito religiosa e rigorosa,
então ela costumava ir à Igreja todos os fins de semana. Também era admiradora
da boa arte e leitora assídua de romances.
Roberta foi apresentada
formalmente pela diretora a todos os funcionários e estagiários. Ela passou os
olhos rapidamente por todo mundo dizendo um “oi” meio tímido. Mas seu olhar
voltou a Ricardo, involuntariamente, trazido por um impulso, o qual chamamos de
atração. Traçou-se, então, uma linha imaginária que uniu aquelas duas pessoas
por uns três segundos. Ambos ficaram sem graça, quebrando, de repente, a magia
que pairava entre eles. Em seguida, voltaram ao trabalho, um pensando no outro.
Ricardo estava arrumando as
prateleiras de literatura brasileira, no andar inferior do prédio, quando
Roberta apareceu. Ele levou um susto, mas tentou disfarçar a forte emoção:
- Oi! – disse ele.
- Olá! – respondeu ela – Sabe o
que eu queria saber?! Se temos o livro “Capitu – Memórias Póstumas”. Uma moça
quer lê-lo e eu ainda não me acostumei com as sessões, não sei nem se temos e
nem onde ficaria, pois não sabemos o nome do autor.
- Ah sim, claro! Vem comigo que
eu pego pra você. – respondeu Ricardo, todo envaidecido por poder ajudar tão
prontamente.
Penúltima estante da última
coluna à esquerda. Ricardo pegou o livro que estava na parte de baixo da prateleira
e quando se levantou Roberta estava a menos de um palmo de seu rosto:
- Obrigada! – disse com um
sorriso maroto, saindo rapidamente.
- De... nada. – respondeu ele quase
gaguejando, sem poder se mexer.
Naquela noite Ricardo não
conseguira dormir direito, ficara pensando se realmente ela precisava daquele
livro ou se, por algum motivo, havia preparado minuciosamente aquela situação. De
qualquer forma, ele estava abalado e o que realmente importava era o modo como
ela havia mexido com seus sentimentos, há algum tempo adormecidos. Ricardo não
tem um histórico muito longo de relações amorosas. Na verdade, nunca teve muita
sorte para o amor. O turbilhão que o estava incomodando não era totalmente novo
para ele, já havia sentido algo parecido antes, porém agora havia uma sensação
diferente, uma paixão ao mesmo tempo repentina e avassaladora, talvez. Sim, ele
estava muito confuso.
No dia seguinte, acordou
ansioso para ir à biblioteca. Perceba que eu tomei o devido cuidado em não
dizer “acordou ansioso para ir trabalhar”, o que não é o caso. Aqui, ele queria
mesmo era ir ao local de trabalho, pois seu “objeto” de desejo estaria lá. Se
conseguiria de fato trabalhar, aí já é uma outra coisa.
...
Marco Hruschka
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Marco Hruschka no Facebook
Quem sou eu?

- Marco Hruschka
- Maringá, Paraná, Brazil
- Marco Hruschka é natural de Ivaiporã-PR, nascido em 26 de agosto de 1986. Morou toda a sua vida no norte do Paraná: passou a infância em Londrina e desde os 13 anos mora em Maringá. Sempre se interessou em escrever redações na época de colégio, mas descobriu que poderia ser escritor apenas com 21 anos. Influenciado por professores na faculdade – cursou Letras na Universidade Estadual de Maringá – começou escrevendo sonetos decassílabos heroicos, depois versos livres, contos, pensamentos e atualmente dedica-se a um novo projeto: contos eróticos. Seu primeiro poema publicado em livro (Antologia de poetas brasileiros contemporâneos – vol. 49) foi em 2008 e se chama “Carma”. De lá para cá já, entre poemas e contos, já publicou mais de 50, não apenas pela CBJE, mas também em outras antologias. Em 2010 publicou seu primeiro livro solo: “Tentação” (poemas – Editora Scortecci). Em 2014, publicou “No que você está pensando?” (Multifoco Editora), livro de pensamentos e reflexões escrito primordialmente no facebook. É professor de língua francesa e pesquisador literário.
Lançamento

No que você está pensando?
"A vida é um compromisso inadiável" M. H.
"A cumplicidade é um roçar de pés sob os lençóis da paixão." M.H.
Meu livro de poemas

Tentação
Total de visualizações de página
Seguidores
Contato:
marcohruschka@hotmail.com
Falando nele...
Tecnologia do Blogger.
4 comentários:
Não demora pra colocar a sgunda parte hein!
"O amor"... Nada como um conto com esse nome para deixar-nos curiosos sobre o que virá a seguir...
Trabalhei em uma biblioteca por dois anos e quase me transportei por entre as prateleiras durante o conto. Espero que não demore muito a postar as outras partes e, como eu sempre digo, surpreenda-me...
Beijos
Grande poeta, está indo muito bem neste teu novo trabalho. Novamente parabenizo-o. Aproveitando, belíssimo nome do personagem principal, rs. Todavia, algo dentro de mim diz que este conto há de crescer, e quem sabe em breve teremos o primeiro romance do celebrado poeta. Saudações grande amigo!
Está ficando muito bom filho!