segunda-feira, 30 de novembro de 2009
A arte de ser feliz
Nasce-se chorando e já se sabe que o fim não é diferente,
Mas durante o trajeto de nossas vidas, as veias pulsam
Em busca de um sentimento substancial, algo que preencha
Esse vazio que se tem e não se conhece a origem,
O nada que habita nossos corações e que força moradia,
A angústia de não saber o motivo pelo qual aqui nos encontramos.
Quando criança, prantos e sorrisos dividem o espaço e o tempo,
Mas o abraço materno nos basta, um pirulito é a própria metafísica,
Um brinquedo é a realização eterna, não há mais problemas,
As lágrimas secam e o sonho se realiza, um viva aos bens materiais!
Na adolescência, outros desejos aparecem e a curiosidade
Da descoberta surge avassaladora, mudanças hormonais
Demandam desbravar caminhos, sobretudo explorar
Os tesouros do próprio corpo, atingir os limites do impossível.
A idade avança e não se percebe a ciranda dos ponteiros,
Ainda não se sabe definir o que valeu a pena,
É-se adulto e as responsabilidades se multiplicam,
Vive-se consigo e a vida dos outros, tudo é um todo.
Compra-se, viaja-se, conhece-se, ama-se!
E o abismo continua confortavelmente assentado
Na poltrona com os pés sobre a mesa de centro do peito,
Apossado do controle remoto de nossas vidas.
O coração já acelerou várias vezes,
Já se despedaçou algumas outras
E já se reconstituiu outras tantas...
E agora, José? Onde está a felicidade?
Em que momento e em que lugar eu fui feliz?
Com quem, como, por que, por quanto tempo?
A felicidade deveria ser e não estar,
É água, pois quando se tem, escorre-lhe pelas mãos...
É fênix e o coração palpita quando menos se espera!
A felicidade seria a plenitude do amor? Defina o amor!
Bipolar! ... se os maiores mestres já poetizaram sobre a sua dualidade...
Não! Algo mais profundo: ainda não responderam à pergunta
Depois que se é feliz o que acontece?...?...?...
Talvez o único caminho seja encher o coração de esperança,
Néctar-ilusório capaz de preencher o âmago da nossa espécie,
Ser que é dado à luz já natimorto e que se despede moribundo-vivo...
Em homenagem aos sentimentos de minha amiga-irmã, Ana Maria
Marco Hruschka
Marco Hruschka
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Quem sou eu?
- Marco Hruschka
- Maringá, Paraná, Brazil
- Marco Hruschka é natural de Ivaiporã-PR, nascido em 26 de agosto de 1986. Morou toda a sua vida no norte do Paraná: passou a infância em Londrina e desde os 13 anos mora em Maringá. Sempre se interessou em escrever redações na época de colégio, mas descobriu que poderia ser escritor apenas com 21 anos. Influenciado por professores na faculdade – cursou Letras na Universidade Estadual de Maringá – começou escrevendo sonetos decassílabos heroicos, depois versos livres, contos, pensamentos e atualmente dedica-se a um novo projeto: contos eróticos. Seu primeiro poema publicado em livro (Antologia de poetas brasileiros contemporâneos – vol. 49) foi em 2008 e se chama “Carma”. De lá para cá já, entre poemas e contos, já publicou mais de 50, não apenas pela CBJE, mas também em outras antologias. Em 2010 publicou seu primeiro livro solo: “Tentação” (poemas – Editora Scortecci). Em 2014, publicou “No que você está pensando?” (Multifoco Editora), livro de pensamentos e reflexões escrito primordialmente no facebook. É professor de língua francesa e pesquisador literário.
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"A vida é um compromisso inadiável" M. H.
"A cumplicidade é um roçar de pés sob os lençóis da paixão." M.H.
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2 comentários:
O Artista é capaz de imaginar e sentir o que o outro sente para consagrar a arte de tranpor a dor e a alegria de alguém. E esses, por serem sentimentos divinos, merecem a honra de serem esculpidos por um olhar único e especial. Obrigada, meu lindo, isso ficará no meu coração.
Cara, é um hino à existência. Mesmo com planicies e montanhas é a vida.
Belissimo poema! Meus parabéns!