sábado, 17 de janeiro de 2009

Volúpia Volúvel


Um conto escrito após uma discussão com alguém especial, um desabafo, algo sem elaboração, apenas fruto de um sentimento confuso e doloroso.


Marco Hruschka


Não sei mais o que é a Felicidade. Hoje senti vontade de chorar. Porém, não o fiz. Não sei se porque não sou acostumado a esse ato, ou porque sou duro demais para tal, ou por isso, ou por aqueloutro...

            O fato é que, hoje, percebi que a pessoa que me acompanhava pelos caminhos da vida, aquela com a qual eu dividia tudo, meu tempo, meus sonhos, meus medos, minhas conquistas, não compartilhará comigo do mesmo destino. Eu sou, agora, o meu próprio destino.

            Depois de uma simples e corriqueira discussão, que serviu para explodir a bomba de efeito retardado que vínhamos carregando debaixo dos lençóis de nosso relacionamento, eu saí sem dizer palavra, em direção ao nada, remoendo futuros planos solitários, contudo, não completamente decidido, e sim confuso, atordoado... ela correu atrás de mim com o intuito de conversar, mas para mim não havia mais o que dizer, alcei vôo enveredado...

            Meus primeiros passos e uns bons outros que se seguiram foram de cabeça baixa, refletindo, lamentando, transbordando o baú de sentimentos sem distinguir quais eram bons e quais eram ruins, se realmente havia uns e outros separadamente. Senti fome... frio... cansaço... sono... era noite morta, andara demais...

            Mas reparei que estava mais leve mesmo fadigado, seguia apenas o meu ritmo de andar, impelido à solidão... o vento batia em meu rosto e me causava calafrios, e isso fazia com que me sentisse vivo. Ergui a cabeça e consegui enxergar o Mundo, tudo tinha cores diferentes do habitual, algumas pálidas e desfocadas, mas outras coloridas em aquarela, vi uma pomba branca no cume da cimeira...

            Andei, andei, andei... pareceu-me que caminhar livrava a minha alma de qualquer pecado que eu não tinha cometido, mas, doravante, estava imerso na voluptuosidade boêmia, no idílio mundano, na poesia da vida em si mesma...

            Desfrutaria do Carpe Diem grego, árcade, pós-moderno, seria eterno?

            Por outro lado, eterna seria a busca por um novo cupido que pudesse acalentar esse coração abnegado, machucado, que carrega o fado agridocicado do Amor.

            Lanço ao Zéfiro a decisão de minha fortuna, da qual achei que fosse dono. Somos apenas donos de nós mesmos, a nossa sorte está sujeita ao Universo, ao Tempo, ao Desconhecido...


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Maringá, Paraná, Brazil
Marco Hruschka é natural de Ivaiporã-PR, nascido em 26 de agosto de 1986. Morou toda a sua vida no norte do Paraná: passou a infância em Londrina e desde os 13 anos mora em Maringá. Sempre se interessou em escrever redações na época de colégio, mas descobriu que poderia ser escritor apenas com 21 anos. Influenciado por professores na faculdade – cursou Letras na Universidade Estadual de Maringá – começou escrevendo sonetos decassílabos heroicos, depois versos livres, contos, pensamentos e atualmente dedica-se a um novo projeto: contos eróticos. Seu primeiro poema publicado em livro (Antologia de poetas brasileiros contemporâneos – vol. 49) foi em 2008 e se chama “Carma”. De lá para cá já, entre poemas e contos, já publicou mais de 50, não apenas pela CBJE, mas também em outras antologias. Em 2010 publicou seu primeiro livro solo: “Tentação” (poemas – Editora Scortecci). Em 2014, publicou “No que você está pensando?” (Multifoco Editora), livro de pensamentos e reflexões escrito primordialmente no facebook. É professor de língua francesa e pesquisador literário.

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